humanização?

ouvi dia desse de quem me acompanha de muito perto que

“as pessoas continuam projetando em você uma autossuficiência que não é nem humana nem é sua… esperarem que você saia sozinha da zona de perigo ou da zona de conforto, quando você tá mais vulnerável e conforto já não é algo comum na sua vida, pode ser uma armadilha que te dão.”

e isso me lembrou (!) que eu preciso receber cuidado.

me dedico constantemente a ser cuidadosa como parte do bem viver comum. não sou obrigada, quero esse compromisso visto que foi sendo acolhida por grupos cuidadosos que sobrevivi. mas às vezes eu caio, me quebro, sou invadida, me isolo, sou maltratada, tenho raiva e medo, e preciso receber cuidado. receber mesmo.

sempre terei eu que ir buscá-lo?

e pra que me punirem pelas imagens cristalizadas que me cobram imitar?

sou um fracasso do que esperam de mim sem de mim cuidarem, não quero também ser baluarte na competição de virtudes como as vitrines de instagram estimulam que sejamos. estruturas de manutenção de violências são problemas competentes a muitos circuitos e grupos, não uma pessoa ou outra – e quando uma pessoa puxa a sós essa competência, já sabemos o fim do filme.

mas organizar as direções do cuidado em coletivo requer inventar jeitos de sobrevivermos a essas estruturas, quando precisamos de apoios em comum.