dias de julho

Carla de Miranda
1 min readAug 23, 2022

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Foto: arquivo pessoal

choveu.

orava todo dia pelo céu aberto e seco, que o molho dos dias fosse nosso feito, que o zelo plural no trabalho fosse presente palpável, que as graças abundassem, que eu conseguisse celebrar, que encontrasse mais e mais as parêia amada — a vida se multiplica no “vamo ali binha” “vamo!” pelas encruzilhadas.

teve dia que a trabalho eu literalmente não podia dormir — feito esse que choveu. era sábado, mais uma apresentação de Pontilhados Garanhuns, mais duas tocadas da Amodú até o domingo raiar. e bateu foi tudo — subverti. aí esse anel pousou nessa linda mão quente, do carinho com o qual a gente toda brindava. e era Otto que cantava. de noite no parque o que elas gosta é de fumar e dançar com seu povo.

o anel natural ali firme e garboso feito presente, feito o carinho da linda mão quente e todo o bonde. o sereno por sua vez era outro — esse mesmo que a gente gosta.

serena era a gente.

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Carla de Miranda

O encanto me comove, e comovida canto, batuco, danço, e pergunto muito. Pessoa do pluricomunal, grão de areia saboreando vento, psicóloga, artesã do cuidado.